Um dos episódios mais recentes da Rádio Novelo, CPF na Nota, está gerando debates intensos nas redes sociais. Nele, a jornalista Vanessa Bárbara relata como uma nota fiscal suspeita se tornou o ponto de partida para a descoberta de uma rede de traições e abusos envolvendo seu então marido e amigos próximos. A repercussão foi tão grande que levou até uma grande editora a se manifestar.
Entenda o caso
- Usando pseudônimos, Vanessa conta que tudo começou ao identificar uma nota fiscal de um hotel registrada no CPF do então marido. A partir daí, iniciou uma investigação que revelou não apenas as traições, mas também um comportamento de manipulação e mentiras por parte dele.
- O ex-marido, posteriormente identificado como o jornalista e tradutor André Conti, sócio da editora Todavia, teria negado as infidelidades enquanto criava sucessivas justificativas à medida que os fatos vinham à tona. No entanto, a traição era apenas parte da história.
- Vanessa descobriu que André debochava dela em conversas com um grupo de amigos – homens, brancos e supostamente intelectuais – que participavam de uma lista de e-mails chamada Lista FPC.
- Segundo Vanessa, os integrantes desse grupo trocavam mensagens com comentários misóginos e depreciativos sobre suas próprias esposas e relacionamentos. A revelação foi ainda mais dolorosa para a jornalista ao perceber que muitos desses homens se diziam seus amigos.
- O casamento terminou há mais de uma década, mas a experiência traumática foi revisitada no podcast, cujo relato viralizou, trazendo os nomes dos envolvidos à tona e reacendendo discussões sobre machismo e misoginia.
- Diante da repercussão, a editora Todavia se pronunciou nesta terça-feira (21/1). Em nota, declarou reconhecer "a gravidade dos acontecimentos narrados no podcast" e afirmou compreender "a indignação causada pelos diversos exemplos de machismo e misoginia contidos no episódio, ocorrido há 14 anos". A editora também expressou solidariedade: "Sentimos muito, sobretudo, pelo sofrimento causado à vítima."
- A Todavia reforçou seu compromisso com um ambiente de trabalho acolhedor e afirmou que, nos últimos anos, tem acompanhado as transformações no debate sobre gênero. "Situações que no passado eram normalizadas felizmente estão deixando de ser, graças à coragem de mulheres que decidem quebrar o silêncio."
- A nota foi alvo de uma série de críticas. “Adorei a ideia de comunicado culposo, onde não há intenção de comunicar absolutamente nada”, escreveu uma internauta em resposta à nota. “Tomem atitudes de verdade em prol da construção de uma sociedade mais segura para as mulheres”, pediu outra seguidora da editora
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