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Reforma ministerial sem sexy appeal (por Leonardo Barreto)

Pelo menos metade das emendas parlamentares devem obrigatoriamente ir para a sau?de.

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Foto: Metrópoles

Pelo menos metade das emendas parlamentares devem obrigatoriamente ir para a saude. A partir desta lembranc?a e possivel extrair duas concluso?es.

Primeiro, a substituic?a?o da Nisia Trindade por Alexandre Padilha, que vem das relac?o?es institucionais, tem relac?a?o maior com questo?es politicas do que com temas de gesta?o.

Ou, em outras palavras, o ministerio da Saude, e uma pasta de entregas politicas e com intensa relac?a?o com o Congresso. E foi para melhorar essas duas coisas que Padilha mudou de enderec?o na Esplanada.

A segunda conclusa?o e que cada mudanc?a precisa atender a um objetivo. Olhando por esse lado, o governo, que tem na aprovac?a?o da isenc?a?o da cobranc?a de Imposto de Renda para quem ganha ate R$ 5 mil como sua "bala de prata" para ganhar popularidade, precisa amarrar apoios entre deputados e senadores.

O problema e que, pelo lado dos partidos, embora seja sempre bom fazer um ministro, os incentivos para participar do governo na?o sa?o grandes nesse momento: (i) politicos nomeados para ministerio agora que queiram concorrer nas eleic?o?es de 2026 tera?o que sair em abril do ano que vem, ficando apenas um ano na cadeira; (ii) o orc?amento de 2025 ja esta organizado, dando pouca autonomia para quem chegar agora; e (iii) o governo vive periodo de baixa popularidade.

Alem disso, com a atual divisa?o do orc?amento, uma boa parte das pastas ministeriais esta?o tendo que correr atras de parlamentares para obter recursos para seus programas.

Ha excec?o?es nessa conta. Alem da Saude, que ja comentamos, os ministerios de Minas e Energia, Agricultura, Educac?a?o e Desenvolvimento Social, pelo alto poder regulatorio, importa?ncia para setores econo?micos relevantes e capilaridade da atuac?a?o sa?o atraentes em qualquer situac?a?o.

Pelo lado do governo, se na?o for para aumentar o cacife politico e nem obter promessa de apoio futuro em 2026, na?o vale se desgastar com o grupo que sera "saido" e ainda ter que pagar o custo da descontinuidade da gesta?o.

Alguem pode dizer que tudo isso faz sentido, mas nem que seja para criar um fato novo, para passar uma ideia de movimento, para contemplar diretamente grupos politicos importantes, e necessario fazer alguma coisa.

Pode ser por ai, sim. De todo modo, a analise continua valida porque modula expectativas: nem o governo vai esperar muito dos novos ministros, nem quem esta entrando alimentará a expectativa de fazer muita coisa.

Leonardo Barreto é doutor em Ciência Política (UnB).

Fonte: Metropoles

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