De acordo com a Enel, distribuidora que atende Niterói e São Gonçalo, a queda de energia foi provocada por uma tempestade na noite de sábado (18). A chuva e as fortes rajadas de vento causaram danos severos à rede elétrica de várias cidades, interrompendo o fornecimento de energia, diz a empresa.
Além das duas cidades, houve registro de falta de luz nas cidades de Maricá, Itaboraí, Petrópolis, Macaé e Areal, além de municípios da Região dos Lagos.
Os moradores dessas cidades chegaram a protestar pela falta de luz. Na manhã desta terça, cerca de 50 manifestantes fecharam parcialmente um trecho da BR-040 por causa da falta de energia em Petrópolis. Em Niterói, a manifestação ocorreu na alameda São Boaventura, uma das principais vias da cidade.
Segundo a Prefeitura de Niterói, nesta terça há 31 mil imóveis sem energia na cidade. Na noite desta segunda (20), o prefeito da cidade, Axel Grael (PDT), se reuniu com diretores da Enel para tentar solucionar o problema.
A distribuidora pediu 48 horas para restabelecer totalmente a energia na região, mas o prazo não foi aceito pelo prefeito. A Enel já não havia conseguido cumprir o prazo determinado pela Justiça, na segunda-feira, para que normalizasse o abastecimento na região em até 6 horas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.
De acordo com a Enel, 97% dos clientes afetados desde o temporal já tiveram o serviço restabelecido. A distribuidora afirma ainda que segue com reforço adicional de equipes em campo trabalhando 24 horas por dia para finalizar os atendimentos.
O prefeito de Niterói disse que vai comunicar a falta de luz à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Também nesta segunda-feira a Enel passou a ser investigada pelo Ministério Público pela demora em restabelecer o fornecimento de energia.
Nesta terça, sete escolas da rede municipal continuam sem energia. Delas, apenas uma não suspendeu as aulas -a escola Paulo Freire, no Fonseca, abriu as portas para garantir a alimentação dos alunos.
Já na rede estadual, a Secretaria de Estado de Educação afirma que sete unidades escolares foram afetadas pela falta de luz, em Niterói, Saquarema e Rio Bonito.
A Enel tem concessão para distribuir energia para 66 municípios do Rio de Janeiro, com população estimada em 7,1 milhões de habitantes.
A empresa é alvo de pedido de cancelamento da concessão em São Paulo, seu maior ativo no país, por dificuldades na retomada do fornecimento após dois temporais neste mês. No primeiro, de 3 de novembro, 2,1 milhões de pessoas chegaram a ficar sem luz e o problema só foi totalmente resolvido após quase uma semana.
Na semana passada, quase 290 mil foram afetados depois de outro temporal. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), então pediu à Aneel o cancelamento do contrato de concessão da empresa.
ROCINHA SEM LUZ
No caso da Rocinha, a falta de luz se deve ao furto de energia na região, conforme alega a Light, que abastece o bairro da zona sul. Os moradores estão sem energia há pelo menos dez dias.
No sábado, a Justiça do Rio determinou que a distribuidora normalizasse o serviço em 48 horas, prazo que expirou nesta segunda. Na manhã desta terça, moradores fizeram mais um protesto nas saída do túnel Lagoa-Barra para denunciar a situação.
A Justiça foi acionada pelo Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública. Na ação, o órgão afirma que a "onda de calor que assola o Rio de Janeiro, com previsão de temperaturas e sensação térmica alarmantes, é um fator que potencializa a necessidade da regularização do acesso adequado à energia elétrica e água, que acarreta diversos danos de ordem material e moral aos consumidores da região".
Nesta terça, a Defensoria afirmou acompanhar a situação e que recebeu o retorno de que o "fornecimento de energia está se estabilizando e os últimos ajustes sendo feitos para garantia do cumprimento da decisão."
A Light afirma que os furtos de energia -o chamado gato- chegam a 84% das residências da Rocinha e que por causa das ligações clandestinas há uma sobrecarga na rede elétrica.
Em nota, a distribuidora afirmou que os furtos de energia ocorrem nos 31 municípios da área de concessão. Mas, diz a Light, "em comunidades o alto índice de furtos faz com que haja aumento nas interrupções do serviço".
A empresa afirma ainda que atua diariamente para coibir as ligações clandestinas e que, para isso, conta com o apoio do poder público, da Polícia Civil e das associações de moradores. Quanto à situação específica da Rocinha, no entanto, a Light diz que ainda não procurou a polícia para combater os furtos.
Fonte: noticiasaominuto