O miliciano Luiz Ricardo Barreira da Cruz, conhecido como "Russo", fingiu ser policial civil no Rio de Janeiro, segundo o Ministério Público estadual. Investigações mostraram que, entre 2021 e 2023, Russo participava de operações policiais, com uniforme e distintivo da Polícia Civil, e de reuniões sobre investigações sensíveis.
Luiz Ricardo Barreira da Cruz foi alvo de uma operação do MP do Rio na quinta-feira (25/4) que mirou milicianos ligados ao bonde do Zinho, que atuam na Zona Oeste do Rio. O miliciano não foi encontrado e segue foragido.
Imagem do WhatsApp de 2024-04-25 à(s) 22.23.36_b7a7b481 (1) Imagem do WhatsApp de 2024-04-25 à(s) 22.24.56_ace65d0c (1) miliciano-rio 0O MP do Rio de Janeiro apontou que Russo era pago pela milícia para repassar informações privilegiadas da Polícia Civil a integrantes da organização criminosa. O órgão denunciou Luiz Ricardo Barreira da Cruz por usurpação de função pública, organização criminosa, tráfico de armas e lavagem de dinheiro. A denúncia, que embasou a operação, será analisada pela Justiça estadual.
"Luiz Ricardo Barreira da Cruz se fazia passar por policial civil, ingressando livremente no interior de delegacias de polícia, participando de reuniões e operações, dirigindo viaturas e tendo acesso a informações privilegiadas que eram prontamente repassadas à milícia", disse o MP do Rio.
Conversas reveladas pela quebra de sigilo telefônico de Luiz Ricardo Barreira da Cruz mostraram que ele fazia buscas no sistema da Polícia Civil, usando a senha de outro policial, para abastecer a milícia com informações.
Em uma das ocasiões, Russo informou ao miliciano Wagner Evaristo, conhecido como Playboy, que um carro que rondava a casa do miliciano era da Delegacia de Polícia Judiciária Militar da Polícia Militar do Rio, setor que investiga policiais envolvidos com organizações criminosas.
Luiz Ricardo Barreira da Cruz não fingia ser policial civil em uma delegacia fixa, segundo o MP. As investigações mostraram que o criminoso alternava entre a 29ª Delegacia de Polícia Civil, em Madureira, e a 33ª DP, em Realengo.
Os investigadores apontaram ainda que, em 2017, Luiz Ricardo Barreira da Cruz foi preso, pela Polícia Civil — corporação da qual fingiu fazer parte quatro anos depois — por suspeita de assassinar um mecânico em São Gonçalo (RJ).
"Salta aos olhos o absurdo de um indivíduo preso cinco anos antes pela mesma Polícia Civil, estar participando de reuniões do GIC [Grupo de Investigações Complementares] para contribuir com ideias, se utilizar de viaturas como se policial fosse e ainda ter acesso a informações sigilosas para repassar aos milicianos", disse o MP.
Fonte: Metropoles