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Saúde

Erotomania: entenda o transtorno mental abordado na série "Bebê Rena"

Imagine se apaixonar perdidamente por alguém que sequer te conhece.

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Imagine se apaixonar perdidamente por alguém que sequer te conhece. Alguém famoso, rico ou poderoso. Uma obsessão tão intensa que te consome, te faz perseguir essa pessoa, acreditar que ela te envia mensagens secretas, que seus olhares te dizem tudo… Essa não é uma história de amor comum, mas sim a trama inquietante da erotomania, um transtorno mental raro que te convida a mergulhar em suas teias obscuras. Também é conhecida como Síndrome de Clérambault ou “doença do amor”.

Nesse artigo, vamos desvendar os mistérios da erotomania: descobrir os sintomas que caracterizam essa obsessão doentia, entender seus fatores de risco e suas causas complexas, explorar as fases pelas quais a pessoa passa e os desafios do tratamento. Também conheceremos casos famosos e fictícios que ilustram essa realidade, e a importância da busca por ajuda profissional para pacientes e seus familiares. Prepare-se para uma jornada instigante e reveladora sobre o delírio amoroso e seus impactos na vida de quem o enfrenta.

Sintomas e características:

Delírio amoroso: a pessoa acredita piamente que o objeto de seu amor, geralmente alguém famoso ou de status elevado, está apaixonado por ela, mesmo que não haja reciprocidade.

Irrealidade: os pensamentos e crenças da pessoa sobre o relacionamento são irreais ou distorcem a realidade.

Convicção plena: a pessoa tem absoluta certeza de que o amor é real e recusa qualquer outra possibilidade.

Comportamentos Extremos: a obsessão pode levar a comportamentos como perseguição, ameaças, sabotagem e até mesmo violência.

Existem fatores de risco?

Alguns dos fatores mais preocupantes, que podem chegar a ser perigosos são:

Fatores Psicológicos: baixa autoestima, solidão crônica, histórico de abuso 1 emocional, traumas relacionados ao amor, perfeccionismo.

Fatores Biológicos: predisposição genética, alterações cerebrais. Fatores Socioculturais: pressão social, exposição à mídia, isolamento social.

Condições de Saúde Mental: transtornos mentais comórbidos (esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno de personalidade delirante), uso de substâncias psicoativas.

A causa exata da erotomania ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos, psicológicos, sociais e ambientais. O diagnóstico da erotomania é feito por um profissional de saúde mental, geralmente um psiquiatra ou psicólogo, com base em uma avaliação clínica que inclui entrevista, exame do estado mental e histórico médico, seguindo os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

Quais são as fases da erotomania?

Fase 1 – A Esperança Inabalável: a pessoa acredita piamente no amor e se sente feliz e realizada.

Fase 2 – A Decepção Amarga: a falta de reciprocidade gera frustração, decepção, mágoa, ressentimento, raiva e inveja.

Fase 3 – O Ódio Descontrolado: a obsessão se transforma em ódio intenso, levando a comportamentos perigosos, isolamento social e sofrimento emocional.

O tratamento da erotomania geralmente envolve uma combinação de psicoterapia e medicação.

Psicoterapia: terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia interpessoal, terapia familiar.

Medicação: antipsicóticos, antidepressivos e outros medicamentos, dependendo da especificidade do caso.

O tratamento da erotomania pode ser longo e desafiador, mas com acompanhamento profissional adequado, a pessoa pode aprender a lidar com seus sintomas, controlar seus comportamentos e melhorar sua qualidade de vida. A erotomania pode ter um impacto significativo na vida do paciente, causando isolamento social, deterioração das relações, perda de emprego, problemas de saúde mental e comportamentos extremos. As pessoas próximas ao paciente também podem ser afetadas, sofrendo com preocupação, angústia, conflitos, tensão, medo, insegurança e necessidade de apoio profissional. Grupos de apoio, orientação profissional e cuidados pessoais podem ser úteis para familiares e amigos de pessoas com erotomania.

Alguns dos fatores essenciais para a superação da erotomania são:

– Diagnóstico precoce e tratamento adequado;

– Terapia;

– Medicamentos;

– Apoio social;

– Autocuidado.

Casos fictícios que abordam o tema:

Série “Bebê Rena” (2024): Aborda a erotomania de forma complexa e sensível. A série acompanha a história de Martha, uma jovem que se torna obcecada por Donny, um humorista desastroso em busca de fama, após um breve encontro. A série contribui para a compreensão da erotomania, desmistificando estereótipos e promovendo empatia por quem sofre com o transtorno. É importante ressaltar que nem todos têm comportamentos e 3 características como os de Martha. Cada caso é único.

– Filme “Obsessão” (2009): Conta a história de Selene, uma jovem mulher que se torna obcecada por um homem chamado Carl. Quando Carl rejeita seus avanços, Selene começa a persegui-lo e desenvolve toda a trama.

Há também casos que envolvem famosos, como por exemplo, Margareth Mitchell e Lindy Lou Thompson, que ilustram as obsessões delirantes que caracterizam esse transtorno. Margareth, autora de “E o Vento Levou”, teria sofrido erotomania por um homem que a rejeitou, inspirando a personagem Scarlett O’Hara. Já Lindy Lou, fã de Michael Jackson, tornou-se patologicamente obcecada pelo cantor.

Mesmo sendo um transtorno raro, com baixa incidência e prevalência, recebo com frequência em minhas redes sociais perguntas sobre o assunto. Então, se você sabe de alguém que passa por isso, procure ajuda de profissionais que podem auxiliar pacientes e pessoas envolvidas nessa condição complexa. Lembre-se: cada caso é único. A erotomania exige acompanhamento especializado para auxiliar pacientes e envolvidos.

Este artigo, revisado seguindo o DSM-5, busca trazer luz a essa complexa realidade e conscientizar as pessoas sobre a importância do diagnóstico e tratamento adequados. Compartilhe com seus amigos e familiares para ajudar a desmistificar a erotomania e promover a busca por ajuda profissional. Juntos, podemos construir uma sociedade mais compreensiva e acolhedora para quem enfrenta esse transtorno.

* Por Dra. Fabiana Arruda – CRM-GO 12.025

Médica Psiquiatra Especializada em Acolhimento integral e Humanizado

Fonte: Jovem Pan

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