Grupos criminosos fortemente estruturados se avizinham da Capital da República. Batem às portas do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Poder Judiciário. Nada parece interromper sua escalada. Operações policiais são incapazes de impedir a expansão dessas associações que, há décadas, traficam armas, drogas, estupram, matam e exploram comunidades.
Na reportagem de Jonatas Martins, o Mapa da Violência, produzido pelo IPEA, mostra a presença no DF do Primeiro Comando da Capital, a maior facção do Brasil, presente em todos os estados, do Comando Vermelho, a segunda maior facção, do Comboio do Cão do DF, conhecida por práticas cruéis, da Família do Norte, e de outras três menores. A disputa pelos pontos de tráfico no DF é sanguinária.
Driblaram órgãos de inteligência das policias e se organizaram nas cercanias dos poderes da República. Terra sem lei. Como chegaram? Como se instalaram em pleno cento político de poder? Não há respostas aceitáveis.
Facções criminosas não faziam parte da realidade de Brasilia. Fazem história em São Paulo, onde o Primeiro Comando da Capital, desde 1993, contabiliza 40 mil "membros" espalhados por 27 estados e duas dezenas de presídios. Estão presentes na vida do Rio de Janeiro, com o Comando Vermelho, desde 1979, e seus 30 mil integrantes. São as mais fortes, as mais violentas. Chegaram por aqui.
Em 2022, reportagens da TV Record e do portal Terra ja traziam números assustadores: 53 facções na guerra pelo tráfico de drogas e armas. Em dois anos, cresceram em 50%. Em 2024, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Esfera Brasil concluiu que existem hoje 72 diferentes facções criminosas.
Apenas num dos braços das facções, o narcotráfico, estima o Forum que, se toda a cocaína que passa pelo Brasil fosse exportada, o faturamento dessas organizações criminosas seria de US$ 65 bilhões – 4% do PIB brasileiro de 2021.
O levantamento completo será divulgado durante o 12º.Forum Juridico de Lisboa, na próxima sexta, 28/06.
Aguardemos.
FALA LULA
Craque na política, Lula sabe que precisa se comunicar direta e assiduamente com a população. Recomenda-se mais entrevistas a jornais e emissoras do interior do País, sites, comunicadores, "influencers". Fazer lives. Lula precisa ocupar mais espaço.
Apoiadores do Presidente sentem falta de sua voz – autoridade de quem teve 60 milhões de votos. Lula precisa escancarar as diferenças entre ele e o presidente da Câmara. Precisa chamar o presidente do BC para conversa privada. Afinal, Campos Neto almoça lá e cá com a oposição. Dizem que somam mais se 200 encontros com vários personagens da oposição. Sem contar Bolsonaro, com quem conversava mesmo depois de anunciada a autonomia do BC.
Está passando da hora de Lula falar muito, afirmar e reafirmar que seu governo está indo bem. Lá se foram 18 meses de governo e a oposição não tem deixado barato.
Fala, Lula.
Mirian Guaraciaba é jornalista
Fonte: Metropoles
