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Por que Bill Clinton, quando presidente dos Estados Unidos, teve aquele caso sexual rumoroso com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky dentro do Salão Oval?
Outro dia, em entrevista que concedeu a propósito do lançamento do seu livro de memórias, ele mesmo respondeu à pergunta:
"Fiz o que fiz pelo pior dos motivos: porque podia."
O poder é afrodisíaco, disse Henry Kissinger, ex-Secretário de Estado. Também é inebriante. E por vezes cega quem o exerce. O mau não discrimina entre crentes e ateus, ricos e pobres, esquerda e direita.
O Cardeal de Boston protagonizou um dos maiores escândalos da história da Igreja Católica nos Estados Unidos ao proteger ostensivamente padres acusados de pedofilia.
Uma vez que o escândalo esfriou, o Papa o designou para posto de muito prestígio em Roma. E por que o fez? Porque sim. Porque pode. Porque quis, e estamos conversados.
Contra a opinião de auxiliares de peso, alguns deles ministros, Lula comprou um avião de US$ 56,7 milhões na hora em que seu governo nega dinheiro até para programas sociais considerados prioritários. Procedeu assim porque pode. E porque quis.
Lula não poderia expulsar do país o correspondente do The New York Times que publicou reportagem sobre seu gosto por bebidas fortes. Mas quis expulsá-lo. Tentou. E foi obrigado a recuar ao preço de muito desgaste.
Se quiser continuar teimando com a política de proteger assessores bichados atingidos por denúncias ao invés de afastá-los até que tudo se esclareça, Lula poderá fazê-lo. Afinal, ele é o dono da caneta mais poderosa da República. E tem um razoável estoque de popularidade para queimar.
Essa só não parece ser a política mais inteligente. Menos ainda no momento em que a economia emite sinais de recuperação e anima as perspectivas eleitorais do PT e dos seus aliados.
Os cemitérios estão repletos de pessoas insubstituíveis. E a história, de exemplos de governos maculados pela pecha de terem transigido com a moral e os bons costumes.
Fonte: Metropoles