Pontos brilhantes, itens metálicos e oval branco. É assim que alguns brasilienses descreveram à Força Aérea Brasileira (FAB) a aparição de Ovnis — objetos voadores não identificados. Os relatos, registrados desde 1954, se tornaram públicos este ano após a Aeronáutica os disponibilizar ao Arquivo Público do Governo Federal.
Os relatos identificados como sendo do DF foram feitos por pessoas das mais diversas profissões. Em uma das descrições, um capitão do Exército Brasileiro afirmou que ele e mais quatro pessoas avistaram um “objeto arredondado com várias cores” no céu. O caso ocorreu em 2015 e o avistamento teria durado cerca de 1 hora.
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Em 2000, uma professora disse ter se deparado com dois Ovnis. Para o relatório, a mulher afirmou que estava em Sobradinho, no Polo de Cinema, quando viu dois objetos “a 500 metros um do outro, redondos, com tamanho de um palmo e metálicos brilhantes”. Um deles estaria se deslocando em linha reta e o outro, em zigue-zague.
Um ano depois, em 2001, há pelo menos quatro notificações de Ovnis apresentadas à FAB. No Guará I, uma estudante de 17 anos alegou ter visto com um binóculo algo parecido com uma balão. O item teria várias cores e ficado parado no ar por horas.
Pilotos relatam “luz grande e vermelha”
Em 19 de maio de 1986, o Centro de Controle de Área de Brasília (ACC-BR) recebeu um informe do operador da torre de controle de São José dos Campos (SP) alertando sobre “luzes de cores amarelo, verde e laranja se deslocando sobre a cidade”. Um piloto teria sido o responsável por alertar a torre sobre o avistamento.
A aeronave de alerta de defesa aérea da Base Aérea de Santa Cruz foi acionada para seguir alguns ecos que foram detectados pelos radares da região, segundo o relatório.
Quando estava a 5.200 metros, o piloto da aeronave informou estar avistando uma luz branca abaixo do seu nível de vôo e que, posteriormente, a luz subiu. “Foi reportado, ainda, que a luz por um momento mudou da cor branca para vermelha, verde e novamente para branca, permanecendo nesta cor”, detalha o documento.
O controle de aproximação de Anápolis (GO) também reportou que estava detectando os ecos no radar. Uma aeronave de alerta também decolou do município goiano e chegou a tentar contato com o “objeto” que voava no espaço aéreo determinado.
“Foram realizadas cinco apresentações (procedimentos de interceptação, onde a aeronave de alerta é direcionada para o alvo), sendo que o piloto obteve contato com o radar de bordo, mas não obteve contato visual. Em uma apresentação chegou a estar a 2 milhas do alvo, cuja trajetória mantinha-se ora em zigue-zague, ora em curva acentuada pela direita. A velocidade do alvo variava de forma repentina, por vezes permitia a aproximação do interceptador e as vezes aumentava muito, ocorrendo afastamentos, mesmo o interceptador estando em velocidade supersônica. Houve perda de contato, o que ocasionou o abandono da perseguição”.
Como conclusão desse caso, a aeronáutica entendeu que “os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma inteligências, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores corno também voar em formação, não forçosamente tripulados”.
Dezenas de avistamentos
O DF notificou 99 ocorrências de Ovnis entre 1954 e 1999. Durante esse período, a capital federal ficou em terceiro lugar entre as Unidades da Federação com maior quantidade de avistamentos, ficando atrás apenas do Pará, que teve 133 registros. Em terceiro lugar ficou São Paulo, com 97 ocorrências.
A maioria dos objetos avistados era luminosos (192) ou em formato circular (191), de acordo com os relatos feitos à FAB. Dos 614 Ovnis observados no Brasil período citado, 458 foram avistados com binóculos ou a olho nu.
Pesquisadora da Associação Brasileira de Ufologia (BrasUFO), Rafaela Oliveira explica que é comum que as pessoas confundam outras coisas com eventos ufológicos. “Existem muitas coisas no céu atualmente. Os satélites da Starlink já foram responsáveis por muitas dessas confusões, a Estação Espacial Internacional também e, agora, com a popularização dos drones tudo fica mais complicado até para um pesquisador mais experiente analisar. O meu conselho é que, quando uma pessoa achar que viu algo anormal no céu, tente filmar ou fotografar sempre buscando um ponto de referência, como prédios, casas próximas, montanhas, ou a lua, por exemplo. Isso ajuda muito na hora da análise”, diz.
“Também aconselho que as pessoas evitem a todo custo dar zoom no suposto objeto, isso acaba atrapalhando muito a análise. Sempre durante uma investigação consultamos o mapa do céu, a posição da Estação Espacial Internacional, o tráfego aéreo naquela região para poder excluir todas as explicações possíveis do que esse suposto objeto pode ser. No geral, de todas as fotos e vídeos que se recebe para análise, apenas 10% pode ser considerado um Objeto Voador não Identificado, a grande maioria tem explicações comuns”, completa a especialista.
Em relação aos estudos de Ovnis, Rafaela aconselha que, quem se interesse pelo assunto, procure por fontes sérias e confiáveis. “É muito importante que as pessoas busquem fontes sérias, que tratem o assunto com os pés no chão. Infelizmente, a ufologia muitas vezes é usada de uma maneira mistificadora, até mesmo alienante, tem muitas pessoas que alegam coisas extraordinárias sem nunca provar nada daquilo que dizem, mas acabam encantando os menos avisados. Apesar do caráter extraordinário, a pesquisa ufológica é difícil e muitos casos levam anos de pesquisa, sem falar das pessoas que criam vídeos, fotos ou casos falsos. A Ufologia é eterno desafio”.
Fonte: Metropoles