O senador Humberto Costa (PT-PE) avaliou que o ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha “foi infeliz” nas declarações feitas sobre o desempenho do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições municipais de 2024.
Padilha afirmou que a sigla “não saiu ainda do Z4 que entrou em 2016”, se referindo à zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro de futebol, o Brasileirão. A fala foi repreendida publicamente pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Ao Metrópoles, Humberto Costa ressaltou que “ninguém está proibido de dar opinião internamente ou externamente”, mas que seria melhor tratar contradições internamente.
“O ministro Padilha, eu acho que foi infeliz na sua colocação, até porque ele acompanhou desde o início o trabalho que nós fizemos e se a eleição não foi o que ele imaginava que deveria ser, não foi por um equívoco, por um erro da direção partidária. Praticamente todas as decisões foram tomadas, digamos, consensualmente. Então, não cabia muito aquela colocação”, afirmou o senador.
O parlamentar pontuou que a situação pode ter sido a “gota d’água” para Gleisi em meio a descontentamentos durante o processo eleitoral deste ano.
“Por outro lado, eu acho que a presidenta Gleisi, ela sim, sentiu, se sentiu em alguns momentos nessa campanha um tanto desautorizada, algumas interferências que não foram positivas nesse processo. Então eu acho que ali foi aquele tipo de gota d’água, entendeu?”, pontuou.
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Eleição do PT
O senador também defende que o PT leve em consideração a força e a musculatura do partido na região Nordeste na eleição para a nova presidência da sigla, prevista para os primeiros meses do ano que vem.
O mandato da atual líder da legenda, Gleisi Hoffmann, está acabando. Ela está no comando da sigla desde 2017 e é a presidente do PT mais longeva da história do partido.
Costa fez elogios ao favorito para ocupar o lugar de Gleisi: Edinho Silva, prefeito de Araraquara (SP), que encerra o mandato em dezembro. Mas disse que a sigla já foi comandada “muitos anos” pelo segmento paulista da legenda, e que atualmente o Nordeste fala mais “para o PT e pelo PT”.
“Eu tenho uma avaliação e acho que nós deveríamos levar isso em consideração. O PT, durante muitos anos, foi dirigido pelo segmento paulista do PT. Ainda hoje, se a gente for olhar, o governo tem muito mais ministros do PT que são de São Paulo do que de outros outros lugares, apesar de serem todas pessoas extremamente preparadas e competentes”, destacou o senador.
E continuou: “É importante dizer que o PT não é mais um projeto do Sul ou um projeto de São Paulo. Ele é um projeto nacional e hoje a maior força desse projeto se concentra no Nordeste. E significa que, de alguma forma, o Nordeste tem conseguido falar pelo PT e para o PT. Então porque é que nós não podemos levar isso em consideração também na hora de fazer a escolha de um presidente, na hora de fazer a escolha do maior número de dirigentes do partido”.
Assista ao trecho:
Assista a íntegra da entrevista de Humberto Costa ao Metrópoles:
Fonte: Metropoles