São Paulo — Apontado como líder do esquema de fraudes a licitações de R$ 200 milhões ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), o empresário Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito, tinha licença Caçador, Atirador Desportivo e Colecionador (CAC) para ter armas de fogo e fazia questão de registrar no WhatsApp ameaças a rivais.
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A “violência e periculosidade” na “tônica” das conversas de Latrell sobre armas e ameaças foi evidenciada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em denúncia contra o empresário e políticos para quem pagou propina. Neste capítulo da acusação, promotores descrevem elos dele e de um de seus sócios com a facção criminosa.
Segundo o MPSP, além do registro legalizado de CAC, Latrell utiliza suas armas de fogo no âmbito da atuação ilícita”. Em um vídeo, ele manda uma mensagem a um interlocutor e pergunta a ele se deve resolver uma “pendenga” no “brinquedinho”.
"Vou resolver, DÉ! Você quer que eu resolva com a carteira vermelha ou cê quer que resolva com esses dois brinquedos, aqui. Dois, não, tem mais um aqui, mais um, três, três brinquedinhos. Você quer a carteira vermelha ou esses brinquedos aqui?", disse na gravação.
Segundo o MPSP, a atuação ilícita de Latrell e um de seus sócios “está vinculada a outra série de ilícitos, notadamente para prestigiar interesses escusos que extrapolam o benefício pessoal e alcançam efetivamente o PCC”.
Latrell foi denunciado nesta semana pelo MPSP e está foragido. Segundo a acusação, obtida pelo Metrópoles, o dinheiro oriundo das fraudes do PCC era usado para desfrutar de viagens internacionais, festas regadas a bebidas e servia até para a poupança milionária para bancar a faculdade da filha.
O esquema descoberto envolve fraudes em licitações de mais de dez cidades paulistas, a partir de empresas registradas em nome de laranjas, além do pagamento de propina, via Pix ou dinheiro vivo, para agentes públicos. Outros participantes também usufruíam das regalias, de acordo com a denúncia.
Metropoles